Friday, November 28, 2008

Good mourning

Hoje de manhã meu avô João morreu. É o parente mais próximo que eu já perdi até agora, e apesar de não ser de fato meu avô (é padrasto do meu pai, o segundo casamento da minha avó), era ele quem eu considerava de fato.

Ele sempre foi muito quieto, e desde que eu me lembro, nunca conversamos muito. Com seus dotes para trabalhos manuais, ele sempre foi o meu go-to guy para fazer consertos, ajustes e modificações nos diversos objetos e ferramentas que eu usava ao longo dos anos, o que me rendeu por ele o apelido de "mão-de-obra".

Por exemplo, o meu bastão de kung fu, que pode ser visto na foto do post anterior, teve que ser adaptado para ser usado na forma que aprendemos na faixa roxa, e coube ao meu avô aparar um bastão cônico até a forma cilíndrica necessária. Graças à boa técnica e ao uso de ferramentas heterodoxas, como cacos de vidro, o trabalho foi apreciado por todos que o viam.

Agora eu herdei as ferramentas dele, algumas das quais pertenceram ao meu nonno e continuaram na casa da minha avó. Tem uma marreta de três gerações no meio das coisas. Uma morsa, um machado, um jogo de cinzéis. Todos muito marcados pelo uso, mas bem cuidados e prontos para mais muitos anos.

Tenho saudades, mas fico feliz pelo tempo que tive com ele. Afinal, as pessoas que conhecemos e amamos só nos são emprestadas.

Sunday, November 23, 2008

Faixa preta


Ontem foi a segunda parte do meu exame de faixa preta. A parte técnica, em que são avaliados a base, o espírito, o foco e a velocidade na execução das formas. Na figura à esquerda, estou fazendo o Chat Gum, uma luta ensaiada de bastões. O exame foi bastante rigoroso, de acordo com as tradições do kung fu, em que as estações do ano determinam o nível dos treinos e as exigências físicas dos praticantes.

A avaliação, o resultado e a entrega da faixa foram feitas no mesmo dia. Passei, e agora recebi o grau de faixa preta no estilo Choy Lay Fut. Agora posso dizer que estou apto a começar a aprender de verdade uma arte marcial.


Na foto à direita, o Sifu Daniel Tomizaki coloca em mim a faixa preta, na tradicional cerimônia do chá, realizada no Instituto de Kung Fu Shaolin, em que treino há seis anos.

O que se seguiu foi uma interminável entrega de faixas pretas, promoções de alguns instrutores para o nível de professor, e a inédita graduação de alguns alunos e professores no quarto grau do estilo. O que tornou a coisa toda muito longa foram os discursos de agradecimento de boa parte dos formandos, que não respeitaram o limite de uma página que foi dado para isso. Teve até um dos discursos cujo começo me deixou particularmente chateado:

"Eu sei que vocês estão todos cansados e não agüentam mais ouvir a gente falar. Mas isso só acontece para mim a cada cinco anos, então vocês vão ter que me engolir."


ao que se seguiu uma faladeira e rasgação de seda de três páginas, com muita improvisação no meio do caminho.

Depois de toda a falação, choradeira e falação, vieram as demonstrações. Todos os recém-graduados no quarto grau, os professores e os dois Sifus presentes se apresentaram com alguns katis avançados do estilo. Só isso já fez valer a pena toda a espera.

Um detalhe curioso: o Sifu pediu que as pessoas que estavam filmando não colocassem os vídeos das demonstrações no YouTube, para não alimentar a "pirataria da arte marcial". Muitas academias se sustentam copiando as técnicas mostradas nesses vídeos de internet. Nesse tipo de pirataria eu nunca tinha pensado...

Crédito das fotos: Carol

Thursday, June 05, 2008

O melhor do Brasil é o brasileiro?

Esse vai em português, porque se refere ao meu país, e se dirige ao seu povo.

Estávamos eu e o Pivo no Extra hoje comprando janta. Na fila do caixa rápido, me chamou a atenção um pacote de bolachas semi-comido escondido no meio dos pacotes de salgadinho que colocam ali pros compradores compulsivos. Fiquei chateado, mas, vamos lá, foi um evento isolado.

Mais para a frente, o Pivo vê uma dessas bandejinhas de isopor, rasgada e vazia. Depois, uma lata de refrigerante vazia. Depois, uma garrafa d'água bebida até a metade. E mais, mais, mais. Puta merda. O povo, além de roubar o supermercado, ainda é porco.

Não resisti. No caixa, perguntei à moça quanto eles tinham de prejuízo com mercadoria comida ou roubada. Ela me respondeu que, à parte o que eles têm que jogar fora por estar vencido, ou o que quebra, eles têm de 10 a 20 mil reais de prejuízo com roubo por mês. Vinte! Mil!

Um quarto de milhão de reais por ano é o prejuízo que apenas aquele supermercado tem com gente que rouba descaradamente os produtos, come pela metade, desperdiça o resto e vai embora.

Maldito seja o povo brasileiro. O que mais dizer de um país em que quem segue a lei é taxado de otário? Quem é esperto pirateia programas, jogos de video game, sistemas operacionais e filmes, sonega impostos, rouba supermercados. Você pode argumentar que o governo é uma bosta e fode o povo, e isso é só o povo se virando sozinho. É assim que se faz então? Cada povo tem o governo que merece.

Mais uma razão para eu acreditar que este país não tem mais como sair da pilha de bosta sob a qual se encontra, por culpa de sua própria gente estúpida.

Saturday, May 17, 2008

Deadlines

I love deadlines. Not just because of the whooshing sound they make as they fly by, but because they are the best incentives to get work done.

On the past few months I've been preparing for my quals, which should take place next month or so, and this has been my most efficient period as a PhD scholar ever since I started grad school. I accomplished more in three months than in the two previous years I've been working on my thesis.

Of course, there is a maturity component present. I wouldn't be able to write or to do research at all having skipped the time it took me to learn about the right programs, the right writing procedure, and of course, the physics. I guess I'm just starting to collect the first fruit of my labor and study since I started college. And that's very reassuring.

But, oh, I have so much to learn. I still feel very ignorant on group talks. I guess acknowledging that is also part of the process.

Well, let's get back to this presentation. I have to convince a board of professors that I'm worth staying on grad school.

Saturday, May 03, 2008

On the geek side of life

And now for authentic (non) gibberish.

I made a resolution. From now on, I shall embrace my geek side, never to withhold my insightful commentaries or acidic responses from whomever I aim them to.

I came to this conclusion from a revelation I had while I was with at my girlfriend's place. She lifted a pan that was half filled with gelatine, holding it by one side. While carrying it to the fridge, which she asked me to open, she complained about it being too heavy.

Then I thought, "of course it's heavy. You're holding it by the empty side of the pan. The center of mass is far from your hand, so it becomes a very unefficient lever. The input effort has to be far higher. Thus the heavy pan. If you just held it from the full side..."

That's quite obvious, right? For a moment, I considered staying quiet and not making a fool of myself for saying such a pointless unremarkable observation. And then I remembered the Big Bang Theory marathon we had earlier that day. Several things appealed to me from those highly caricatural and archetypical characters, but nothing like their comments on each other's mishaps, which is what makes me curl up on the couch and laugh like i'm spitting out parts of my lung (which is exactly what has been happening lately because of this sore throat i've been caughing through for the last days).

It was an epiphany.

I figured, "what the hell?", and just said it. I explained to her why she should have picked it up from the heavy side. She answered, "yeah, I didn't realize it until I picked it up". It was beautiful.

Maybe years of second-guessing myself for acceptance among high school mediocre peers have actually jeopardized the development of my sense of humor all the way to grad school. But not anymore. Now I will embrace my geeky remarks and add another component to my (not so) social skills, now that I'm fortunate enough to have friends (and a girlfriend) who actually may develop them into a very rich and funny series of coffee house jokes.

Thank you, Sheldon.