Hoje de manhã meu avô João morreu. É o parente mais próximo que eu já perdi até agora, e apesar de não ser de fato meu avô (é padrasto do meu pai, o segundo casamento da minha avó), era ele quem eu considerava de fato.
Ele sempre foi muito quieto, e desde que eu me lembro, nunca conversamos muito. Com seus dotes para trabalhos manuais, ele sempre foi o meu go-to guy para fazer consertos, ajustes e modificações nos diversos objetos e ferramentas que eu usava ao longo dos anos, o que me rendeu por ele o apelido de "mão-de-obra".
Por exemplo, o meu bastão de kung fu, que pode ser visto na foto do post anterior, teve que ser adaptado para ser usado na forma que aprendemos na faixa roxa, e coube ao meu avô aparar um bastão cônico até a forma cilíndrica necessária. Graças à boa técnica e ao uso de ferramentas heterodoxas, como cacos de vidro, o trabalho foi apreciado por todos que o viam.
Agora eu herdei as ferramentas dele, algumas das quais pertenceram ao meu nonno e continuaram na casa da minha avó. Tem uma marreta de três gerações no meio das coisas. Uma morsa, um machado, um jogo de cinzéis. Todos muito marcados pelo uso, mas bem cuidados e prontos para mais muitos anos.
Tenho saudades, mas fico feliz pelo tempo que tive com ele. Afinal, as pessoas que conhecemos e amamos só nos são emprestadas.
Friday, November 28, 2008
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