Não, não é mais um discurso ideológico. Abaixo, a narrativa de um sonho muito curioso (e satisfatório) que tive essa noite.
Sala de estudos, tarde da noite, empacotando minhas coisas para ir embora. Me despeço dos amigos que ainda continuam por lá e vou para o meu carro. No caminho, em frente à entrada da Ala Central, me deparo com uma aglomeração de alunos se preparando para armar o piquete em frente à biblioteca.
Dessa vez, eles não se contentam em bloquear a entrada com sofás velhos ou cadeiras tiradas das salas de aula, mas trazem sacos de cimento para empilhá-los na porta! Pelo menos os sacos parecem de cimento, mas poderia ser qualquer outro pó. Ignoro a turba e continuo indo para o meu carro.
Ao chegar ao estacionamento, não encontro o carro. Penso que me esqueci de onde o deixei, e começo a sondá-lo com o controle remoto do alarme. Olho ao redor procurando a luz âmbar do pisca-alerta, e, para a minha surpresa, a encontro vindo de uma caminhonete estacionada em uma não-vaga.
Curioso, me aproximo da caminhonete e aperto o botão para desligar o alarme. E, de fato, ela me manda o bip-bip de que o alarme está desligado. Sem reparar em ninguém ao redor, abro a porta e não vejo nada de incomum, exceto que essa caminhonete enorme está com o meu alarme instalado nela e meu carro está desaparecido.
Ponho-me a calcular a probabilidade de terem codificado um outro alarme com a mesma combinação que o meu, e logo concluo que meu carro fora roubado e desmanchado, e as peças, espalhadas.
Aqui, meu subconsciente faz uma pausa dramática; me encontro no mesmo lugar, só que já amanheceu, a caminhonete não está mais lá, e no estacionamento da Física se forma o que parece uma manifestação de alunos em favor da greve. Estão todos esperando alguma coisa.
Alguns policiais estão posicionados por ali, caso a coisa esquente. Me dirijo a um deles, que parece ter mais de dois metros de altura, e comunico que meu carro fora furtado na noite anterior. Explico a ele que uma caminhonete parecia estar equipada com o meu alarme, e no fim do meu relato o policial só diz lentamente "Excelente", com uma cara de satisfação. Ele me encaminha a outro policial que me leva a um local elevado ali perto. Provavelmente o alto do Morro da Coruja, mas meu subconsciente fez mais uma vez uma intervenção dramática e o pôs no lugar do laboratório de ressonância magnética, para me dar uma visão melhor do que aconteceria em seguida.
Olhando ali do alto, de tocaia, vejo a tal caminhonete chegando, carregada de mais sacos de cimento. Quando os alunos que estavam ao redor vão em direção a ela para descarregá-los, eu aperto o botão do alarme e a caminhonete apita. Esse é o sinal que os policiais que ficaram embaixo, assumindo posições estratégicas, estavam esperando.
Imediatamente, eles sacam as armas e dão a ordem de prisão. Um conflito se segue, com muitas borrachadas e gás lacrimogênio. Gritos de "Opressão!", "Fora a PM do Campus!", "Isso não representa o coletivo dos estudantes!" são rapidamente obscurecidos por fumaça e pancadaria. Desço do morro e observo, satisfeito. Daí me pergunto, "mas e o meu carro?".
E então, acordei. Em parte, aliviado por ter sido um sonho. Em parte, decepcionado.
Wednesday, May 27, 2009
Saturday, May 09, 2009
Star Trek: Reboot?
Ontem, hoje, e por algum tempo ainda, em uma sala de cinema perto de você, um fanboy está morrendo do coração. Eu, como todo bom trekkie, assisti o filme o mais rápido que pude.
Aqui vão as minhas impressões sobre o filme, e seu impacto sobre a série. Aviso: Contém spoilers!
O filme faz com o universo de Jornada aquilo que já estava se mostrando necessário havia muito tempo, mas que ninguém queria admitir. A série precisava de um reboot para continuar viva. Depois do final de Star Trek: Voyager, não restaram mais grandes "vilões" na galáxia: O Dominion não era mais uma ameaça, os Borgs foram praticamente exterminados, e os inimigos clássicos (romulanos, klingons, etc.) já estavam suficientemente encaminhados para se tornarem amiguinhos.
Além disso, a menos dos cantos mais longínquos do quadrante Gama, a galáxia já estava quase que totalmente mapeada e explorada. O problema disso é que com toda a Via Láctea conhecida não restava mais nenhum potencial de exploração, porque a primeira coisa que é determinada no universo de Star Trek é que não é possível sair da galáxia. Ou seja, com tudo conhecido, e com as distâncias diminuindo pela tecnolgia de dobra, logo a coisa iria descambar para a geopolítica (ou seria galactopolítica?) de Star Wars. Eventualmente, a Federação iria encompassar toda a galáxia, e todos viveriam felizes para sempre, até Andrômeda bater na gente e os exploradores voltarem a ter assunto.
Sem falar no engessamento por que estava passando o cenário, o que é perfeitamente cabível numa série de mais de 40 anos. Não havia mais espaço para novidades, pois qualquer coisa nova que fosse inserida inevitavelmente traria problemas para o cânon (veja as três primeiras temporadas de Star Trek: Enterprise).
O novo filme resolve todos esses problemas de uma maneira elegante (mesmo que drástica): Uma viagem no tempo, argumento usado a rodo pelos roteiristas de Voyager, só que dessa vez com consequências irreversíveis no passado. Pronto. Uma realidade alternativa, e tudo é novo, e a alegria volta ao mundo de novo. Reboot. Todos os eventos podem acontecer de novo: Khan pode ou não ser encontrado à deriva na SS Botany Bay, a lua dos klingons pode ou não explodir, os romulanos podem ou não violar a zona neutra, os fundadores podem ou não fundar o Dominion, os Borgs podem ficar muito tempo sem saber da existência da Federação. Nada mais precisa acontecer de novo. O cânon está livre. Diabos, eles até podem sair da galáxia se quiserem.
À parte o impacto sobre a série, o filme é muito bom, por seus próprios méritos. Não tem muito a ver com a premissa original de Star Trek, mas esse desvio era necessário. Chega de efeitos especias patéticos por causa de um orçamento igualmente patético. As atuações são brilhantes: claramente estão desperdiçando o talento de Zachary Quinto em Heroes. O filme é bem dirigido e bem amarrado, apesar de se passar o tempo todo num ritmo alucinante. Enfim, um excelente filme de ação. Do ponto de vista do trekkie babão, o filme me agradou o tempo todo. Ele é tão permeado de citações e referências ao universo de Jornada que eu passei toda a sessão rindo por reconhecer as piadas.
No geral, eu recomendo a todos, fãs ou não, assistir esse filme. Os caras capricharam dessa vez.
Aqui vão as minhas impressões sobre o filme, e seu impacto sobre a série. Aviso: Contém spoilers!
O filme faz com o universo de Jornada aquilo que já estava se mostrando necessário havia muito tempo, mas que ninguém queria admitir. A série precisava de um reboot para continuar viva. Depois do final de Star Trek: Voyager, não restaram mais grandes "vilões" na galáxia: O Dominion não era mais uma ameaça, os Borgs foram praticamente exterminados, e os inimigos clássicos (romulanos, klingons, etc.) já estavam suficientemente encaminhados para se tornarem amiguinhos.
Além disso, a menos dos cantos mais longínquos do quadrante Gama, a galáxia já estava quase que totalmente mapeada e explorada. O problema disso é que com toda a Via Láctea conhecida não restava mais nenhum potencial de exploração, porque a primeira coisa que é determinada no universo de Star Trek é que não é possível sair da galáxia. Ou seja, com tudo conhecido, e com as distâncias diminuindo pela tecnolgia de dobra, logo a coisa iria descambar para a geopolítica (ou seria galactopolítica?) de Star Wars. Eventualmente, a Federação iria encompassar toda a galáxia, e todos viveriam felizes para sempre, até Andrômeda bater na gente e os exploradores voltarem a ter assunto.
Sem falar no engessamento por que estava passando o cenário, o que é perfeitamente cabível numa série de mais de 40 anos. Não havia mais espaço para novidades, pois qualquer coisa nova que fosse inserida inevitavelmente traria problemas para o cânon (veja as três primeiras temporadas de Star Trek: Enterprise).
O novo filme resolve todos esses problemas de uma maneira elegante (mesmo que drástica): Uma viagem no tempo, argumento usado a rodo pelos roteiristas de Voyager, só que dessa vez com consequências irreversíveis no passado. Pronto. Uma realidade alternativa, e tudo é novo, e a alegria volta ao mundo de novo. Reboot. Todos os eventos podem acontecer de novo: Khan pode ou não ser encontrado à deriva na SS Botany Bay, a lua dos klingons pode ou não explodir, os romulanos podem ou não violar a zona neutra, os fundadores podem ou não fundar o Dominion, os Borgs podem ficar muito tempo sem saber da existência da Federação. Nada mais precisa acontecer de novo. O cânon está livre. Diabos, eles até podem sair da galáxia se quiserem.
À parte o impacto sobre a série, o filme é muito bom, por seus próprios méritos. Não tem muito a ver com a premissa original de Star Trek, mas esse desvio era necessário. Chega de efeitos especias patéticos por causa de um orçamento igualmente patético. As atuações são brilhantes: claramente estão desperdiçando o talento de Zachary Quinto em Heroes. O filme é bem dirigido e bem amarrado, apesar de se passar o tempo todo num ritmo alucinante. Enfim, um excelente filme de ação. Do ponto de vista do trekkie babão, o filme me agradou o tempo todo. Ele é tão permeado de citações e referências ao universo de Jornada que eu passei toda a sessão rindo por reconhecer as piadas.
No geral, eu recomendo a todos, fãs ou não, assistir esse filme. Os caras capricharam dessa vez.
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